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Os serviços de tratamento de esgotos levam à melhoria da qualidade de vida das pessoas, à expansão do turismo, à valorização dos imóveis, à despoluição do mar e rios e à preservação dos recursos hídricos. O despejo de esgotos sem o devido tratamento no meio ambiente implica na perda da qualidade de vida, problemas de saúde e a dificuldade de usufruir de um espaço comum com qualidade. São Francisco do Sul ganha às 9h desta terça-feira, 16 de junho, sua primeira Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em uma inauguração exclusivamente online e sem a presença de público no local. O evento terá transmissão pelo Youtube, em um formato inédito para este tipo de obra em Santa Catarina.
No Estado, 76,3% da população não tem acesso à coleta e tratamento de esgoto, segundo dados do Painel do Saneamento Básico no Brasil, do Instituto Trata Brasil. A estrutura é fundamental para remover os poluentes da água previamente usada pela comunidade, de forma a devolvê-la aos mananciais hídricos de acordo com os parâmetros exigidos pelos órgãos ambientais. A ETE Ubatuba é uma das obras mais aguardadas da cidade, onde, até então, a solução para o esgoto era a utilização de fossas/filtro, pouco adequadas para uma baía com adensamento populacional.
De acordo com a professora doutora, Bianca Goulart de Oliveira Maia, coordenadora do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Univille, diversas doenças são evitadas quando se investe em saneamento básico, como cólera, hepatite A, diarreia e verminoses. “Até mesmo o novo coronavírus já foi detectado no esgoto, apesar de ainda não sabermos como ele se comporta na água”, enfatiza.
Conforme Bianca, coletar e tratar esgotos evita que a população fique exposta a todas essas doenças, além de valorizar o dinheiro público, pois a cada R$ 1 investido em saneamento básico, se economiza R$ 4 no sistema de saúde, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). “Portanto, tratar esgoto é, antes de qualquer coisa, cuidar da saúde das pessoas e do meio ambiente”, enfatiza a professora universitária.
Novo patamar de cuidado
No país, dos 5.470 municípios, 74 têm entre 50 e 60 mil habitantes. Destes, 28 não possui qualquer tipo de sistema de coleta e tratamento de esgoto e 15 municípios têm entre 1,7% e 20%. Diante desta realidade, São Francisco do Sul passa a ter um novo patamar de cuidados com a qualidade de vida e preservação ambiental. Bianca lembra que, a partir do momento que usamos um banheiro ou abrimos uma torneira, já estamos gerando esgoto. “O cálculo inclusive é bem simples: 80% da água consumida em uma residência se transforma em esgoto. E para onde vai todo esse esgoto? Para a natureza para o solo, rios e mares, ou seja retorna para nós, já que nossos recursos se originam nessas fontes. Por isso é essencial fazer o tratamento desse esgoto”, acrescenta.
A professora da Univille destaca ainda que existem diferentes sistemas e tecnologias para tratamento do esgoto doméstico, que variam basicamente em função da área disponível e dos recursos empregados. Ela destaca, no entanto, que o Sistema SBR empregado na ETE Ubatuba é um dos mais modernos consolidados no Brasil. Trata-se do mesmo sistema empregado no Perini Business Park, complexo empresarial em Joinville, por exemplo. “Ele é do tipo aeróbio (com a utilização de oxigênio), em que o esgoto tratado apresenta elevada qualidade final. As principais vantagens estão no fato de requerer áreas pequenas de instalação e automatização e, quando operado corretamente, não gera odores desagradáveis, que é o que preocupa tanto a população”, lembra. “Como francisquense que sou, fico muito feliz de ver que, finalmente, São Francisco do Sul terá acesso a esse serviço tão essencial e primário. A partir desse ponto podemos falar, de fato, em desenvolvimento”, diz a professora.
A concessionária é uma empresa do Grupo AEGEA que, em Santa Catarina, detém também as concessões das Águas de Penha, Águas de Camboriú e Águas de Bombinhas.